Fragmentos de um Retrato

Nunca pensei que um simples álbum antigo pudesse revelar tantas histórias escondidas.

Clara, ao reorganizar a casa onde cresceu, encontrou um livro de fotografias desgastado pelo tempo. Não eram fotos comuns: cada imagem parecia capturar momentos curtos, quase esquecidos, de seus ancestrais, mas algo estranho lhe chamou a atenção — algumas fotos estavam parcialmente rasgadas, como se tentassem esconder certos detalhes.

Ao observar melhor, Clara percebeu rostos desconhecidos atrás das imagens principais, e isso a despertou uma mistura de curiosidade e inquietação. Quem eram aquelas pessoas? Por que estariam escondidas? A dúvida crescia dentro dela, e o silêncio do sótão parecia aumentar o mistério.

Sem pressa, começou a procurar relatos na família, mas as respostas vinham sempre acompanhadas de sorrisos contidos e mudanças rápidas de assunto. Ela sentiu que havia um segredo velado, algo que não estava preparado para ser revelado. O passado pesado e fragmentado colocava em xeque a imagem idealizada que tinha da família.

No meio desse quebra-cabeça, Clara decidiu não forçar conexões ou buscar verdades definitivas. Em vez disso, escolheu preservar as fotografias com seus pedaços faltantes, reconhecendo que algumas histórias são incompletas, e que a ausência também diz muito sobre quem somos.

O álbum permaneceu ao lado da janela, onde a luz suave iluminava os fragmentos e as sombras que eles carregavam. Clara aprendeu que a família não é apenas feita de coisas bonitas e inteiras, mas também de lacunas e dúvidas que a tornam real e profundamente humana.