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Ela nunca acreditou em coincidências, mas naquela manhã de primavera, um cartão amassado no lixo a fez reconsiderar tudo.
Sofia, uma editora de livros que passava os dias entre papéis desordenados e cafés, caminhava apressada para o trabalho quando seu olhar foi atraído por uma cor vibrante entre as folhas secas. Pegou o cartão, escrito à mão, com uma mensagem apaixonada e claramente destinada a alguém chamado Miguel.
Curiosa, leu cada palavra, sentindo um misto de surpresa e tristeza. Aquela carta falava de encontros adiados, de promessas quebradas e de um amor que parecia estar se desfazendo lentamente. Sofia sabia que aquele gesto íntimo não deveria ser lido por estranhos, mas algo a impulsionava a entender a história por trás daquela perda.
Decidiu então perguntar na pequena cafeteria próxima, onde o cartão aparentemente tinha caído. Lá, descobriu que Miguel era um frequentador assíduo, sempre acompanhado por um sorriso tímido e um olhar distante. A descrição despertou nela uma vontade inesperada: conhecer aquele homem e entender se havia esperança naquele amor abandonado.
Durante dias, Sofia observou discretamente Miguel, que parecia carregado por um silêncio profundo. Por fim, o destino brincou com ela quando ambos ficaram presos no elevador do prédio onde trabalhavam. Sem poder fugir do silêncio, começaram a conversar, inicialmente sobre trivialidades, depois sobre sonhos e medos.
Miguel revelou que havia perdido o contato com a pessoa que amava porque não soube demonstrar seus verdadeiros sentimentos a tempo. Sofia percebeu que, mesmo desconhecidos, compartilharam a mesma sensação de não aproveitar as oportunidades que a vida oferece.
Quando o elevador finalmente os libertou, não houve promessas nem juras. Apenas um olhar de reconhecimento profundo, como se entendessem que algumas histórias não precisam se repetir para transformar quem as vive. Sofia guardou o cartão, não como um convite, mas como um lembrete do valor das palavras não ditas.
E assim, entre folhas caídas no chão e silêncios compartilhados, ela aprendeu que o amor, às vezes, sobrevive nas ausências e nas despedidas — não nas certezas.
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