Sob o Véu da Noite

A noite caía lenta sobre a pequena praça do centro, onde Victor esperava com um leve sorriso no rosto.

Ele não era um homem de muitas palavras, mas tinha no olhar a intensidade de quem viveu sabendo a importância dos pequenos momentos. A brisa carregava o aroma das flores de jasmim, misturando-se ao calor silencioso da cidade que nunca dormia totalmente.

Isabela chegou com passos calmos, o vestido balançando suavemente. Eles se encontraram sem pressa, deixando o tempo diluir em silêncio e olhares.

Não havia promessas feitas naquela noite, apenas a compreensão tácita de que algo mais profundo ocorria sem necessidade de explicação. O amor deles não precisava de palavras, mas do espaço tranquilo onde podia existir sem urgência.

As luzes da praça piscavam brandamente, e um velho músico tocava canções que pareciam sussurrar segredos do passado e do futuro.

Victor sentiu o peso suave da mão de Isabela na sua. Um gesto simples, mas cheio da complexidade de uma vida compartilhada em fragmentos dispersos. Eles sabiam que o amanhã talvez trouxesse mudanças, incertezas e distâncias, mas naquela noite, tudo estava suspenso.

Sob o véu da noite, eles se deixaram perder no presente, sem pensar em regras, planos ou destino. Só o agora importava — um instante de pura existência e conexão, que talvez nunca se repetisse, mas que permaneceria intacto nas lembranças.

Quando as estrelas começaram a desaparecer no horizonte, eles se despediram com um abraço demoradamente silencioso. Nenhuma palavra foi dita, pois o que importava estava além do que se pode falar.

Victor caminhou sozinho pela rua calma, sentindo que aquele encontro havia sido um poema não escrito, uma história que se traduzia em sentimentos e não em narrativas.

E assim, deixaram a noite para trás, cada um com sua parte guardada no coração, sabendo que o verdadeiro amor às vezes vive exatamente onde o silêncio e o tempo se encontram.