A Janela Esquecida

Há uma velha janela no corredor da casa dos Silva que ninguém realmente presta atenção.

Mariana, a caçula, sempre sentou perto daquela janela durante as reuniões de família, observando as mudanças do céu sem que ninguém percebesse. Para ela, aquela janela era um portal para um mundo silencioso, cheio de pensamentos soltos e memórias invisíveis.

Certa tarde, enquanto a família se preparava para o tradicional jantar de domingo, um pequeno incidente mudou a rotina: a janela que estava encostada começou a balançar com o vento, fazendo um som estranho que chamou a atenção de todos.

Ao se aproximarem, perceberam que havia um bilhete preso em uma fresta, escrito com uma caligrafia que ninguém reconhecia. O recado era curto, mas profundo: "Às vezes, o que esquecemos é o que mais precisamos lembrar."

O silêncio tomou conta da sala, e cada um começou a refletir sobre o significado daquela frase. Não havia nomes, nem pistas sobre quem poderia ter deixado aquilo ali. Era como se a casa mesma quisesse lembrar seus moradores de algo importante, mas indefinido.

Para Mariana, aquele momento revelou a importância das pequenas coisas — as janelas abertas, as lembranças guardadas e as histórias que nunca foram contadas. Não era um mistério a ser resolvido, mas um convite à reflexão.

No final, a família não discutiu o bilhete nem procurou respostas, apenas retomou a rotina, porém com um olhar diferente sobre aquele lugar. A janela continuou ali, silenciosa, testemunha de um segredo que talvez nunca precise ser desvendado.

E assim, naquele pequeno instante, a família Silva aprendeu que algumas mensagens não são para serem respondidas, apenas sentidas.